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Superando as dores do passado - Wainer Psicologia

Texto escrito pelo Dr. Ricardo Wainer, Terapeuta do Esquema em nível avançado pela ISST.

“Por favor, não me procurem mais. Me esqueçam!” Com estas palavras enfurecidas, Jefferson, um proeminente jovem cirurgião sai batendo a porta da casa de seus pais. Por mais uma vez, ele ouviu as duras críticas de sua mãe por não ter se candidatado a uma posição de professor universitário que havia vaga em um importante hospital universitário. A passividade e silêncio de seu pai causavam-lhe igual indignação.

A vida de Jefferson, visualizada de fora, havia sido uma sequência de sucessos impressionantes até então. Aluno nota 10 durante todo o ensino fundamental, ingressou numa das poucas e competidas vagas do colégio militar de sua cidade para cursar o final do fundamental e garantir um ensino médio que lhe preparasse para o concorrido vestibular de medicina numa das mais prestigiadas faculdades do país. Como de costume, teve notas altíssimas, tanto no exame de admissão quanto no colégio. Além disso, era atleta de natação da equipe de competição do clube de sua cidade.

Porém, ao olhar para dentro de Jefferson, percebia-se uma criança e jovem esmagado pelas demandas inalcançáveis de sua mãe que, embora crítica e fria no contato com ele, mostrava-se emocionada e orgulhosa dos feitos do filho único para fora das fronteiras de seu lar. O pai, homem trabalhador, que atingira uma posição respeitável e que supria bem as necessidades da família, sempre foi criticado pela mãe de Jefferson, que humilhava-o com frases como “quase um João ninguém” e “que teu filho não tenha tua genética”. Com Jefferson, o pai era atencioso no tempo juntos e buscava interagir buscando valorizá-lo, tanto por suas conquistas, mas sobretudo pela pessoa amável e extrovertida que era. Jefferson tinha muito amor pelo pai, mas limitava seu carinho ao pai quando sua mãe estava junto, com receio das críticas certeiras.

Em tratamento psicológico por queixas de insônia, estresse e ansiedade, Jefferson procurou a terapia para tomar a decisão quanto a se candidatar a vaga ou não. Embora todos (em especial, sua mãe) lhe incentivassem a fazer o concurso, Jefferson não tinha pretensões de ser professor. Realizava-se operando e vendo seus pacientes. Além disso, sonhava em trabalhar fora do país por algum tempo para poder apreciar outros lugares e estilos de vida. Tudo isso considerado rídico e supérfluo por sua mãe, que lhe cobrava mais ambição e sucesso.

Na Terapia de Esquema, Jefferson foi estimulado a expressar todas suas emoções, sendo as mesmas validadas e mostradas como importantes. Uma explosão de raiva como a ocorrida na última vez que esteve com seus pais, era singular e, certamente, resultaria em punições. Na terapia, este episódio foi revivido com grande intensidade, permitindo que o paciente compreendesse, tanto intelectualmente, quanto emocionalmente (sobretudo), que sua reação era totalmente compreensível e expressava mudança significativa em sua postura insensível ou complacentes com as críticas.

O processo psicoterápico ajudou Jefferson a se apropriar das necessidades emocionais e afetivas sentidas como faltantes, como o amor incondicional de sua mãe, demonstrações mais constantes de afeto (somente seu pai lhe abraçava e elogiava outras coisas que não performances) e, principalmente, demonstrações que ele poderia ser amado pelo que realmente era, e não pelo que conseguia ou não fazer.

Aceitar estas necessidades e, concomitantemente, se aceitar e validar suas vulnerabilidades foi trabalho dolorido para o jovem cirurgião. Havia aprendido que fraquezas deviam ser escondidas e que deveria pagar o preço que fosse para ultrapassá-las. Tanto, que as principais estratégias dele para lidar com seus sofrimentos (mentais e físicos) e dificuldades, eram: a) fazer uma compreensão racional do porquê sentira tristeza, raiva ou medo e, assim, buscar se desconectar da dor e, b) estudar ou treinar por horas a fio, indiferente as suas necessidades fisiológicas ou emocionais. Seus lemas eram “se não está bom, é porque não tentei tudo” e “nota nove é zero; segundo lugar é o primeiro perdedor”.

A terapia ajudou Jefferson a negociar com estas estratégias de enfrentamento, podendo optar mais frequentemente por uma abordagem onde buscasse identificar o que lhe era de valor e que lhe preenchia suas necessidades emocionais e, a partir disso, buscar os meios para atingir isso. Aprendeu a combater seu “crítico interno” (basicamente as frases críticas da mãe, mas ouvidas com sua voz) que lhe pareciam a única e definitiva verdade rumo ao sucesso e felicidade.

O problema que colocou Jefferson num “check mate” pessoal, foi perceber que por maior que fossem sua conquistas (vencer campeonatos relevantes, 1o lugar no vestibular de Medicina, prêmios como jovem cirurgião promissor, bolsas de estudo etc), sempre achava pouco e não conseguir vibrar com nada.

A situação ficcional de Jefferson é uma ilustração do poder da Terapia do Esquema para lidar com feridas profundas e antigas, oriundas de ambientes tóxicos e/ou invalidantes que não são incomuns na infância de muitos.

As necessidades emocionais de aceitação e afiliação; de valor, competência e autonomia; de limites saudáveis, e de respeito aos seus valores e expressão emocional quando não supridas adequadamente, geram modos de lidar com a vida que se cristalizam na personalidade da pessoa. A resultante deste processo é o indivíduo sentir-se muito limitado em encontrar sua liberdade e paz interior, e em atingir uma vida mais plena e rica em significado

* As informações contidas nesta publicação não substituem a avaliação de um profissional da área da saúde mental.

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