Texto escrito por Michele Beckert, psicóloga na Wainer Psicologia.
Tragédias como a de Brumadinho e o recente incêndio no Centro de Treinamentos do Flamengo têm impactos importantes na saúde mental dos sobreviventes e também das pessoas próximas das vítimas. Eventos inesperados e com esses desfechos normalmente não são bem elaborados psicologicamente, e muitas vezes, demandam ajuda de profissionais capacitados.
Os sobreviventes podem desenvolver dificuldades para retomar suas vidas, tendo recordações recorrentes do trauma, que podem evoluir para transtornos depressivos, bastante incapacitantes e que tornam suas vidas disfuncionais. Estima-se que três quartos da população vai experienciar algum evento estressor ao longo da vida. Desses, sete por cento vão desenvolver algum transtorno mental. Dependendo em que momento da vida ocorre pode se dar de forma diferente.
Além disso, pessoas próximas das vítimas podem ter dificuldade para vivenciar o luto de forma saudável. Nessas situações, é comum observar sentimentos como a tristeza, a raiva e também pensamentos de dúvidas. Surgem então os pensamentos ruminativos a respeito do trauma e da situação traumatizadora.
Hoje, estudos já comprovaram que a intervenção precoce em situações com potencial para evolução de doenças psicológicas, têm agido de forma preventiva, diminuindo e até eliminando a possibilidade de instalação de doenças.
A modalidade de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e a técnica de Dessensibilização e Reprocessamento por Meio dos Movimentos Oculares (EMDR), são reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde como padrão ouro para o tratamento e intervenção precoce de traumas.
Se você tiver passado por alguma situação, em maior ou menor grau de complexidade e sentir que está tendo dificuldades para superá-la, procure ajuda de um profissional capacitado.