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Saúde Mental de Policiais Militares e Psicoterapia. - Wainer Psicologia

Texto escrito por Michele Beckert, psicóloga na Wainer Psicologia.

Tabu nas forças armadas, visto como uma fraqueza, fragilidade e até mesmo incompetência, o adoecimento psicológico ainda é pouco valorizado dentro das estruturas militares. É tido como uma soma de vários fatores como estresse, problemas hierárquicos, jornada excessiva de trabalho, desestímulo e falta de reconhecimento por conta do estado e da sociedade. Logo, a natureza da função policial costuma expor os agentes ao estresse continuado, tanto por questões institucionais, quanto pelo contato e enfrentamento com a criminalidade crescente. Afinal, policiais lidam diariamente com injustiças e tem como meta de trabalho prover a ordem social.

Durante o treinamento funcional são incutidas “normas de conduta” que obrigam o policial a manter seu controle emocional diante de qualquer circunstância e a qualquer custo. Esse “código de conduta” é levado a sério em todas as situações, inclusive na vida interpessoal e cria nos agentes policiais uma falsa ideia de inabalabilidade e força extrema. De certa forma, essas normas ajudam a enfrentar alguns dos obstáculos diários, mas nem sempre conseguem fazer com que o ser humano que está por trás da farda não se abale emocionalmente com os fatos.

As organizações militares de segurança, especialmente as polícias militares, enfrentam frequentes adversidades em seu ambiente de trabalho. Sabe-se que no ambiente militar, mesmo após treinamento, os policiais são submetidos a situações que levam ao estresse pós-traumático e podem predispor doenças mentais.
O desenvolvimento do Transtorno de Estresse pós-traumático pode ocorrer após a exposição direta ou indireta a eventos traumáticos como morte, lesões ou traumas. Essas situações são recorrentes na vida policial. Sintomas como recordações aflitivas e recorrentes do ocorrido, mudanças de humor, distúrbios do sono, entre outros, são observados em pessoas que apresentam esse diagnóstico. Não procurar ajuda aumenta em três vezes o risco para desenvolvimento de transtorno depressivo e transtorno somatoforme (sintomas físicos sem base médica constatável). O agravamento dos sintomas depressivos, especialmente, pode levar a pensamentos de morte. Sabe-se que o risco de suicídio entre policiais é ainda maior devido à proximidade e facilidade para o manuseio de armas de fogo. Também há outras patologias comuns. Os transtornos de ansiedade, transtornos de adaptação (sofrimento psicológico desproporcional a gravidade do estressor, com prejuízo psicossocial) e a depressão também são patologias recorrentes no âmbito policial.

Enfim, como a psicologia pode ajudar?
Uma avaliação técnica e acompanhamento com profissionais capacitados, com conhecimento das particularidades decorrentes do meio, tem mostrado grandes resultados. A intervenção psicológica precoce ajuda a não fixação e ao não agravamento dos sintomas. O papel da psicoterapia é, sem dúvida, encurtar o período de sofrimento, evitando que os sintomas piorem e que o estresse se torne crônico.

É possível trabalhar formas de reestruturação cognitiva, comportamental e emocional, ampliar sua visão de si, do mundo e do futuro e ainda desenvolver formas assertivas de mudanças de comportamento, melhorando a qualidade de vida social e profissional.

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